Marion Cotillard posa para fotógrafos antes da coletiva de De rouille et d'os. |
Um dos filmes mais esperados desta edição do Festival de Cannes, De rouille et d'os, ou Rust and Bone em inglês, foi a grande atração da quinta-feira, 17. Entre os envolvidos na produção, o cineasta francês Jacques Audiard, que há dois anos atrás havia conquistado o festival com O Profeta, e a atriz francesa Marion Cotillard, vencedora do Oscar em 2007 por Piaf - Um Hino ao Amor.
No entanto, no romance redentor entre uma treinadora de baleias orcas que perde as duas pernas e um pai que passa pelas maiores dores para criar seu filho sem a mãe, quem se destacou foi o ator belga, Matthias Schoenaerts, do ainda inédito no Brasil Bullhead. Contudo, os holofotes para o ator não tiraram o charme, talento e elegança de La Mome Cotillard, uma das mais cotadas para a Palma de Ouro de melhor atriz.
Jacques Audiard na coletiva de imprensa do filme em Cannes. |
Durante a coletiva, o diretor contou que desta vez queria contar uma história que tivesse uma personagem feminina, já que O Profeta abordou o universo violento e masculino de uma penitenciária. Esta nova história, segundo o realizador, teria que vir sob o envólucro de um romance. Tudo começou a tomar forma quando o roteirista Thomas Bidegain, parceiro de trabalho do diretor em O Profeta, lhe entregou uma coletânea de contos de Craig Davidson que narrava histórias de personagens sofridos. A partir dai surgiu a ideia de criar os protagonistas de De rouille et d'os, Stéphanie e Alain. Audiard e Bidegain encontraram no romance uma oportunidade de oferecer àqueles personagens um alívio, o que não acontece nos contos, onde todos são mostrados como indivíduos solitários.
O processo de adaptação, filmagem e edição, segundo Audiard e Bidegain, levou cerca de dois anos. Já a escolha dos atores não foi tão árdua. Audiard confirmou que um dos motivos que o levaram a escolher Marion foi sua interpretação de Edith Piaf em Piaf - Um Hino ao Amor. "Fiquei emocionado com o desempenho de Marion em Piaf. O que vi em Piaf era que ela navegava por emoções muito diversas. Há muitos atores, mas poucos que podem entrar em um personagem da maneira que ela faz. Ela é muito feminina, é incrível", sintetizou o diretor, endossando o coro dos admiradores da atriz do qual faço parte há algum tempo.
No caso de Matthias, a escolha também foi influenciada por trabalhos anteriores. "No personagem masculino, testamos outros atores, mas naum funcionamos. Vimos Bullhead, achei Matthias fabuloso. ". A questão física parece ter sido algo presente durante todo o processo de filmagem, desde a preparação física de Matthias para o papel, até o trabalho de Marion com as Orcas e com a natação. O personagem de Matthias é descrito como um homem habilidoso fisicamente mas que não consegue lidar muito bem com suas emoções. "Os personagens vão aprender a viver com as adversidades. Marion com os problemas físicos que ela encontra e Matthias tem problemas com as palavras, irá aprender a dizer 'Eu te amo' com ela", disse Audiard.
Como não poderia deixar de ser, veio para Cotillard uma pergunta sobre as diferenças de se trabalhar na frança com Audiard e nos EUA com realizadores como Michael Mann (Inimigos Públicos) - sempre aparecem essas perguntas sobre cinema norte-americano em festivais, o melhor de tudo isso é que uma atriz francesa conseguiu rebater a pergunta com muita delicadeza. "Quando li o roteiro de Audiard fiquei impressionada e empolgada. Quando sinto isso, que quero fazer parte daquilo, sinto que entendo imediatamente que personagem é aquela. Com a Stephanie li o roteiro e não entendia quem ela era. Estava assustada e disse para Jacques. Ele disse que entenderíamos o personagem juntos e acabou sendo um processo interessante. Então, para mim, existem somente diferenças técnicas que não tem relação alguma com a nacionalidade. Um filme com Michael Mann é diferente do de Jacques. O mesmo entre Mann e Christopher Nolan (A Origem). A diferença está no realizador e não o país de onde ele vem", disse Cotillard. "O mesmo foi com Matthias. Trabalhar com ele foi como trabalhar com DiCaprio (A Origem) ou Daniel Day-Lewis (Nine)", completou.
Da esquerda para a direita, Jacques Audiard, Marion Cotillard e Matthias Schoenaertes. |
A repercussão do filme entre a imprensa foi positiva, especialmente para a dupla de atores. Veja abaixo o que saiu na imprensa logo após a sessão de De rouille et d'os:
"O filme se beneficia com as intensas interpretações de Marion Cotillard e Matthias Schoenaertes.", Todd McCarthy, The Hollywood Reporter.
"Jacques Audiard cria uma comovente história de amor. Merece ser premiada. Marion merece ser premiada", Peter Bradshaw, The Guardian
"Vem do coração e da alma de Audiard este lindo filme sobre como eventos traumáticos podem por vezes nos levar para o caminho certo.", Sasha Stone, Awards Daily
Assista ao trailer de De rouille et d'os:
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