Demián Bichir e José Julián em Uma Vida Melhor. |
Antes de dirigir as adaptações de A Bússola de Ouro e Lua Nova, Chris Weitz tinha sido responsável, ao lado de seu irmão Paul Weitz, por Um Grande Garoto, ótima adaptação do romance de Nick Hornby. Eis que o diretor retorna a suas origens com um drama com menor orçamento e visibilidade, flertando escancaradamente com o melodrama, trata-se de Uma Vida Melhor, trabalho que surpreendentemente rendeu uma indicação ao Oscar de melhor ator, na última edição da premiação, para o mexicano Demián Bichir. Não foi uma lembrança merecida da Academia. Não porque Bichir esteja ruim, muito pelo contrário. Na pele do jardineiro imigrante Carlos Galindo, Bichir consegue ser uma das melhores coisas de Uma Vida Melhor, um filme que passa bem longe da comoção que tenta inspirar. No entanto, comparar o trabalho de Bichir com outros tantos trabalhos da temporada que sequer mereceram uma menção da Academia - cito Leonardo DiCaprio em J.Edgar, Michael Fassbender em Shame e Ryan Gosling em Drive - chega a ser covardia.
Uma Vida Melhor conta a história do imigrante mexicano Carlos Galindo e de seu filho Luís. Em Los Angeles, Carlos vive ilegalmente e cuida sozinho de seu filho, ganhando a vida como jardineiro das lendárias mansões hollywoodianas. Um dia, Galindo tem seu material de trabalho roubado por um colega de trabalho e uma série de eventos começam a colocar em risco a permanência de Carlos no país. Apesar da tentativa de aproximar o espectador de seus personagens, adotando uma abordagem mais simples e humana de seus protagonistas, fica evidente desde o primeiro instante que esta narrativa é uma narrativa difícil para Chris Weitz. Temas como os levantados por Uma Vida Melhor ficam bem mais sinceros e espontâneos nas mãos de diretores que tenham uma proximidade, a mínima que seja, com o assunto. Só para citar como exemplo, Alejandro González Iñarritú lidou muito bem com isso em Babel. Por mais que Weitz compreenda e que seja louvável sua disposição em retratar a vida de imigrantes latinos ilegais nos EUA, sob sua ótica tudo fica muito pasteurizado.
Como já destaquei no início, Demián Bichir é a única razão para dedicar um tempo de seu dia a esta obra. O ator entrega dignidade e simplicidade a este homem intrincado com suas origens. Talvez Bichir seja o elo que Weitz precise para dar consistência e verdade a Uma Vida Melhor, um filme que anda na linha limítrofe o tempo todo. A iniciativa é louvável, poucos americanos se dispõem a contar esse tipo de história. No entanto, fica claro que trata-se do típico caso da natural falta de harmonia entre um diretor e seu filme. Weitz foi o profissional errado para um filme que, talvez, nas mãos de outro alcançasse suas aspirações.
A Better Life, 2011. Dir.: Chris Weitz. Roteiro: Eric Eason. Elenco. Demián Bichir, Dolores Heredia, José Julián, Joaquín Cosio, Carlos Linares, Nancy Lenehan, Gabriel Chavarria, Bobby Soto, Chelsea Rendon, Isabella Rae Thomas. 98 min. Paris Filmes.
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