Brad Pitt em O Homem que Mudou o Jogo: a eterna insatisfação com os resultados. |
Ainda que o beisebol não seja o esporte mais popular no Brasil isso não é argumento para se dizer que a mensagem de O Homem que Mudou o Jogo não tenha o mesmo efeito no espectador brasileiro. O novo filme de Bennett Miller não é sobre beisebol, mas sobre dramas humanos. Basicamente, o filme fala sobre aquilo que persegue a vida de todos nós: a cobrança da vitória. Como no esporte, nossa batalha diária é simplificada em vitórias e derrotas. Assim, o percurso é esquecido e todo o legado deixado por tentativas ousadas, entre erros e acertos, acaba sendo praticamente ignorado. O Homem que Mudou o Jogo não deixa de ser um drama ambientado no universo dos esportes, não deixa de ter como mote dramático a superação de seus personagens, no entanto, Bennett Miller, mais uma vez (ele fez isso muito bem em Capote), surpreende com um material praticamente estático e fechado em invenções narrativas e extrai emoção e humanidade de um roteiro admiravelmente racional.
O longa segue a história de Billy Beane, um manager de um time de beisebol em crise com a campanha fracassada no campeonato nacional de 2001. Sem dinheiro, Beane acaba recorrendo ao estranho método de um jovem economista que lhe sugere uma escalação de jogadores que não quebre financeiramente o time. Com uma equipe de atletas longe do ideal, Beane acaba levando seu time, o Oakland A's, a conquistas inéditas no campeonato de 2002, redefinindo a maneira com que os times adminstram suas equipes e estratégias em campo. Desde o primeiro instante de O Homem que Mudou o Jogo, Bennett Miller deixa claro que o filme não é sobre o campeonato, mas sobre seus bastidores.O diretor reserva toda a ação do longa aos escritórios do Oakland A's e às reuniões de Beane com os demais administradores do time e o jovem Peter Brand, vivido por Jonah Hill. Miller reforça que os momentos decisivos do time não estão nas partidas, mas sim nas decisões internas e estratégicas de seus managers.
O roteiro do longa é de Steven Zallian e Aaron Sorkin, dois diretores conhecidos pela maneira racional com que constroem suas tramas. Zaillian escreveu Gangues de Nova York e mais recentemente Os Homens que não Amavam as Mulheres e Contágio. Já Sorkin ficou conhecido pela série The West Wing, mas consagrou-se com A Rede Social, filme de David Fincher que lhe rendeu o Oscar de melhor roteiro adaptado. Portanto, O Homem que Mudou o Jogo não poderia estar em melhores mãos. Os roteiristas conseguem conferir lógica às estratégias de Beane e sua equipe, conferindo também ritmo a toda ação do longa.
O aspecto emocional do filme fica por conta de Bennett Miller que consegue ter opções originais e cheias sensibilidade para os momentos de introspecção de Billy Beane, realçando os traços do personagem vivido por Brad Pitt. Billy Beane foi um ex-atleta do beisebol que após sucessivas frustrações passa a trabalhar nos bastidores do esporte. Pitt transforma o protagonista do longa em um homem guiado pela perseverança mas assombrado pelas cobranças pessoais com a superação de seus desafios. O filme é do ator, ainda que ele conte com presenças pontuais de Philip Seymour Hoffman e Jonah Hill, que está ótimo mas jamais faz jus a sua indicação ao Oscar.
O Homem que Mudou o Jogo trata da eterna insatisfação humana com os resultados, quando na verdade o mais importante é o que foi realizado para obtê-los, ainda que os mesmos não sejam completamente satisfatórios. Este é o princípio básico do esporte e, curiosamente, Billy Beane só aprende este, que é um princípio da vida, fora dos campos.
Moneyball, 2011. Dir.: Bennett Miller. Roteiro: Steven Zaillian e Aaron Sorkin. Elenco: Brad Pitt, Jonah Hill, Philip Seymour Hoffman, Robin Wright, Chris Pratt, Stephen Bishop, Brent Jennings, Tammy Blanchard, Jack McGee, Nick Searcy. 133 min. Sony.
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