Daniel Radcliffe traça os novos rumos de sua carreira em A Mulher de Preto. |
Para um ator, não é nada fácil exorcisar um ícone. Christopher Reeve, Mark Hamill e Elijah Wood morreram na praia ou preferiram não lutar contra a maré, representada pela rejeição que o público tem com a dissociação de suas imagens com a de personagens como Superman, Luke Skywalker e Frodo. Outros foram bem sucedidos, como Harrison Ford e Sean Connery, ainda que seus trabalhos mais lembrados sejam nas séries cinematográficas Star Wars, Indiana Jones e 007. Após cerca de 10 anos dedicado à franquia Harry Potter, Daniel Radcliffe enfrenta o mesmo desafio e de peito aberto em A Mulher de Preto. Ainda que o projeto tenha suas limitações, especialmente a conclusão capenga que seu roteiro encontra para a história, boa parte da pojeção é recompensadora e Radcliffe segura muito bem as pontas do projeto.
O filme conta a história de um jovem advogado, viúvo e pai de um garotinho, que parte para um vilarejo a trabalho e se depara com o estranho caso de um vulto de uma mulher vestida de preto que assombra um casarão isolado pela névoa. James Watkins, que havia dirigido projetos duvidosos como O Olho que tudo Vê e O Abismo do Medo 2, conduz muito bem o suspense, especialmente se levarmos em consideração que toda a ação do longa se passa no mausoléu, somente com o personagem de Radcliffe em cena. Talvez ainda nos falte o hábito de ver Radcliffe interpretando um personagem adulto, encará-lo como um pai de um garoto entre 3 e 4 anos é difícil, especialmente se tomarmos como referência os dez anos do ator como Harry Potter. Mas há que se relevar, Radcliffe já está na faixa dos 20 e pode muito bem carregar um personagem com as características de Arthur Kipps.
Só é uma pena que o longa não abra espaço para atores como Ciarán Hinds e Janet McTeer explorarem melhor suas participações. No entanto, torna-se perfeitamente compreensível quando constatamos que A Mulher de Preto é um teste para Daniel Radcliffe, que sabiamente escolheu um projeto que o distancia de qualquer rótulo corriqueiro, um deles é o de ídolo adolescente, e que consegue servir muito bem ao gênero. Um recomeço promissor, resta saber como a grande massa de fãs ou não da série Harry Potter receberão A Mulher de Preto e todos os próximos trabalhos do ator, definindo se há sobevida ou não para ele após os anos em Hogwarts.
The Woman in Black, 2012. Dir.: James Watkins. Roteiro: Jane Goldman. Elenco: Daniel Radcliffe, Ciarán Hinds, Janet McTeer, Misha Handley, Sophie Stuckey, Jessica Raine, Roger Allam, Alexia Osborne, Alfie Field. 95 min. Paris Filmes.
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